O mundo é mesmo um só e isso às vezes me deixa perplexa! Mesmo parecendo outro mundo, temos muitas coisas parecidas com os canadenses. A principal delas é a língua! Eu consigo ler várias coisas em francês porque as palavras são quase idênticas (quando não são exatamente as mesmas!) em português. Mas o contrário também é verdadeiro. Cuidado com certas palavras inocentes em português, mas perigosas em outras línguas. Veja o exemplo do vôo inaugural das "Linhas Aéreas Portuguesas", ora pois. A comissária de bordo dando instruções aos passageiros: "Ao leres PUSH, não puxe, EMPURRE. Ao leres PULL, não pule, PUXE. E ao leres EXIT, não hesite, PULE." :) Aqui as portas tem indicações em inglês e em francês e eu não sei quantas vezes já bati o nariz e o dedão do pé. (Primeiro que as portas são super pesadas, então meu braço direito já tá super musculoso!) PUSH, em inglês, significa EMPURRE - e isso me causa muita confusão mental. Em francês, PUXE é TIREZ e EMPURRE é POUSSEZ! Eu nunca lembro se devo empurrar ou puxar ! Aí vão mais algumas palavras parecidas com o português (que nem precisam de tradução, basta você ler fazendo biquinho!): livre, avion, banque, passeport, gratuite, depilación, restaurant. Ah, e "dechéts" é LIXO. Hahahaha... Oui... bon soir ! :)

Tem mesmo maluco pra tudo. Aqui nesse país, o que não falta é maluco. Todo mundo anda descabelado e ninguém se importa se a roupa tá combinando. No começo, eu achei lindo, ótimo. Agora já acho maluco mesmo.
Vou começar a fotografar todas as coisas malucas que eu vejo por aqui e vocês vão ver que não são poucas. A começar pela minha amiga Nancy, que veio da China (mas já mora aqui há um tempão, então podemos considerá-la canadense) e come pepino de manhã !!! Quando perguntei se era bom, ela disse que NÃO, mas que era necessário, já que ela não come nenhuma outra verdura. Mas precisa ser mesmo às 9h30 da manhã, Nancy ? E ah, outra coisa que eu descobri. Em coreano, "oi "significa pepino. É cada uma que me aparece...

Hoje vou contar pra vocês das maluquices da minha "homestay mom" (a dona da casa onde eu moro). Ela se chama Beverly, tem quase 60 anos, é solteira e mora com os dois irmãos - que também são solteiros e mais velhos. Ela tem um antiquário no primeiro andar da casa. É uma loja bem bonita, ela tem muito bom gosto pra escolher os móveis e pra organizar a vitrine. As pessoas passam bem devagarinho de carro aqui na frente pra ver a vitrine que ela muda todos os dias ! Ela foi noiva 7 vezes (de 7 diferentes namorados) mas nunca se casou. Um deles, não sei exatamente qual, terminou o noivado pelo telefone. Ela ficou em depressão e acabou desenvolvendo um câncer de mama. Fez quimio, radio, perdeu o cabelo e tirou mais da metade de um seio. Depois, resolveu que homem nenhum ia mais tirar a saúde dela. Até teve outros namorados e até noivos depois desse, mas não quis mais se casar. Nunca quis ter filhos porque acha que seria superprotetora... É uma pessoa maravilhosa, de um coração enorme, sem muita cultura mas cheia de histórias pra contar... adora assistir HOUSE e faz dog-sitter pra Margo, uma poddle preta bem fofinha. Agora vou falar das esquisitices dela... isso não me faz gostar menos dela, viu? E mesmo eu sabendo que ela nunca vai ler esse blog (porque ela não lê português, não sabe mexer no computador e nem sabe o que é um blog), eu queria dizer que gosto muito dela e que pra sempre vou me lembrar do jeitinho carinhoso que ela tem cuidado de mim aqui... mas ela é estranha... veja só: - Ela não deixa papel higiênico no banheiro porque acha que os irmãos gastam demais; - Ela não deixa toalha de rosto no banheiro porque não gosta de enxugar o rosto na mesma toalha dos irmãos; - Ela pega TODA a louça da cozinha e coloca na máquina de lavar-louça no fim de semana pra uma lavada geral; - Ela não tem bucha na pia... ela lava a louça com um paninho Perfex porque tá escrito na embalagem que é anti-germes; - Ela não deixa sabonete no banheiro porque ele pode ser contaminado pelo ar; - Ela não toma banho de chuveiro todos os dias... ela toma banho na banheira... mas não lava o cabelo; - Ela não deixa nenhum aparelho eletrônico ligado na tomada quando está fora de uso, pois tem medo de curto circuito; - Nos dias mais quentes, ela fecha todas as janelas e as cortinas 'pra manter o ar quente pra fora' (Já pra fora, ar-quente sem educação!) - Ela bateu aqui na minha porta um dia, tarde da noite, pra perguntar se eu achava que tinha que guardar o morango tampado ou destampado na geladeira. Eu, que não sou mal-educada nem nada, falei que achava que tinha que ser tampado e ela se foi. :) - Ela não me deixa lavar as roupas de cama e banho que eu estou usando porque não gosta que "as pessoas" cuidem do enxoval dela; - Ela me chama de "filha" e é superprotetora comigo: "Onde você estava? Com quem? Você já comeu? Você vai comer só isso? McDonald's de novo? Já vai pra prisão (é como ela chama o meu quarto!)?" - Ela tira todos os móveis do antiquário, uma vez por semana, pra passar aspirador; - Ela passa aspirador no meu quarto (ou melhor, só nos tapetes) todos os domingos às 10, não importa se estou dormindo ou não; - Ela passa aspirador em todos os tapetes da casa, mas não passa fora deles; - Ela deixou um recado na porta pra todo mundo tirar o sapato quando entra em casa porque as ruas estão cada dia mais sujas; - Ontem ela inventou um troço de plástico pra pisar em cima na hora do banho, mas não tem furos, então a água acumula - e assim não encarde o chão; - Ela não vai na loja de 1 dólar porque não quer gastar muito; - Ela pega todos os flyers das lojas e faz pesquisa de preço (nós fazemos juntas, eu também adoro!); - Ela assiste House todas as noites e diz: "Boa noite meu amor" quando o seriado termina; - Ela vê a previsão do tempo todos os dias, mas nunca sabe se vai chover amanhã. Ela está mesmo interessada é no modelito da apresentadora; - Ela nunca saiu de Montreal, nunca viajou de avião, nunca foi à Universidade; - Ela acha o máximo quando eu tento falar francês e vive tentando falar pão-de-queijo, mas até o presente momento, não obtivemos sucesso; - Ela chama o Gui de "amore", porque Guilherme é demais pra ela; - Quando eu falei que tinha marcado a passagem de volta, ela chorou; - Quando eu vim ver a casa pra morar, ela fez questão de me mostrar que o colchão da minha cama estava limpo; - A prefeitura deixa na porta das casas, 1 vez por mês, uma caixa com sacos de lixo pra fazer reciclagem. Ela guarda todas e usa as sacolas do mercado, porque os saquinhos da prefeitura são "bons demais pra jogar fora"; - Ela usa o calendário do ano passado como bilhete e recibo pros clientes; - Ela pergunta 22 vezes a mesma coisa - acho que é só pra ter certeza; - Ela não usa sutiã, não importa a ocasião ! - Ela me adora ! Isso também não é esquisito ? Um beijo pessoal ! Vejo vocês logo ! :) Vivi

Tô postando aqui o texto escrito pelos Valetes sobre a história do rato... é uma das coisas que eu leio e releio de tempos em tempos... beijos meninos, saudades de vocês !
Segunda-feira, 16 de janeiro de 2006, 3:32hs da manhã. Uma agitação vinda da cozinha, coisa pouco comum num horário desses, me coloca numa vigília torta. A porta do quarto, fechada, deixa passar vozes, mas não significados. Uma das vozes é a do João, chegado na noite anterior de viagem ao Chile. Tive tempo pra pensar que na verdade a agitação não era uma surpresa completa - uma expedição à cozinha no meio da madrugada não é algo de inesperado para o valete ogro.Havia outras vozes. Mas só passei a considerar com atenção a gravidade do que quer que pudesse estar acontecendo quando ouvi a voz do Vini dizendo "o Tche mata esse rato". Além da improcedência óbvia de uma afirmação dessas, era de se pensar que só mesmo algo muito grave levaria o Vini até a cozinha numa segunda-feira de madrugada. Algo como um rato.Mais um ou dois minutos e a Sici abriu a porta. A cena que encontrei na cozinha tinha todos os agravantes bizarros possíveis. Sobre uma cadeira embaixo da porta se revezavam Jomar, Sici e Vini na tentativa de enxergar o rato atrás do fogão. Era difícil saber se tinham mais medo do rato ou nojo de pisar no chão da cozinha, presumivelmente sapateado pelas patinhas do bichão por uma ou duas semanas.Ah, sim. É bom lembrar que esse bicho burro e sujo foi capaz de enrolar os eficientíssimos mecanismos de defesa da Casa dos Valetes por mais de duas semanas. Nossa ratoeira foi sumariamente ignorada. Todas as tentativas de isolar o ambiente interno da casa foram rapidamente contornadas pelo roedor. Tamanha astúcia do rato quase nos levou a incluir na pauta da Grande Assembléia Geral Constituinte da Casa dos Valetes a possibilidade de conceder o título de valete de estimação ao mesmo. No entanto, a humilhação de ter que recolher os cocozinhos do rato pela casa inteira acabou manchando a honra da ilustre assembléia, que refutou a medida provisória em votação simbólica.Voltando à cena do imbróglio, tínhamos ali o João tomando a frente das negociações. Em meio ao pavor geral que acometia os moradores, conseguiu explicar que havia desconfiado da presença do rato quando esteve na cozinha para tomar um copo d'água (coisa fácil de se entender pra quem não viu a namorada por três semanas - orgulho!). Ouviu um barulho vindo do fogão, e na hora entendeu que se tratava do tal rato, assunto constante na casa desde o início do fenômeno.Dado o alarme, nos aninhamos todos em busca de uma solução para o problema. A única solução era a morte do rato, evidentemente. Antes da minha chegada à cozinha, o Valete Ogro já havia tentado assar o rato dentro do forno, além de jogar água fervendo lá para dentro. O rato, meio chamuscado, sobreviveu e estava escondido atrás do fogão, com todas as saídas possíveis fechadas por objetos providenciais, como espelhos e mesas de piquenique. Mas quem é que teria coragem de tirar sumariamente a vida daquele bicho ofegante e assustado? E, principalmente, como fazer isso? As soluções do João eram as mais bizarras e desastradas, além de evidenciar o alto grau de perversidade que dedicava ao pobre animal. Suas sugestões iam desde o derramamento de óleo quente sobre o animal até uma eventual raquetada, dada com a tábua de carne. É claro que nenhuma das sugestões foi levada muito a sério, mas o fato é que ninguém tinha idéia melhor. Até que o João lembrou-se de dar uma facada no rato, com uma faca sem-vergonha que tinha comprado. De mim veio a sugestão de amarramos a faca a um cabo de vassoura com fita adesiva (já que ninguém teria coragem de esfaquear o rato à unha). Enquanto montavamos nossa lança, o rato pareceu perceber o perigo crescente e tentou entrar de volta dentro do fogão. Como não encontrou nenhuma via possível, acabou apoiado na parte de trás do fogão, sobre duas patas. Foi então que o João, com a toda agilidade que esperaríamos de um selvagem em busca de comida, aproximou-se do fogão e acertou o bicho com um só golpe, que quase lhe atravessou os intestinos. Voltou exultante: "furei, furei o bicho!". O rato correu para baixo do fogão e tombou depois de dois ou três segundos de agonia.Vencida a etapa raticida do problema, tínhamos outra ainda mais desafiadora: a etapa higiênica. Apesar de cansados, ninguém cogitava a possibilidade de deixar a cozinha daquele jeito até a manhã seguinte. Jomar e Vini já tinham se retirado. O Vini não teve nem disposição pra fazer o reconhecimento do rato que havia visto voar no banheiro poucos dias antes, agora morto no meio de uma poça de sangue. Com a mão isolada embaixo de algumas sacolas plásticas, o João recolheu o rato e os restos do seu intestino, espalhados pelo chão e acumulados na faca (numa mistura indigesta com pêlos e sangue) enquanto insistia, orgulhosamente, que sua definição na Comunidade Casa dos Valetes fosse trocada de Valete Ogro para Valete Herói. Derramamos duas embalagens de desinfetante na área e fui dormir às 4:40hs, em tal estado de agitação que não pude pegar no sono até que o despertador tocasse para o ensaio da manhã. No entanto, não me retirei sem antes ouvir uma das frases mais célebres já proferidas na casa, capaz de definir com precisão incontestável a personalidade de um Valete. O João, após terminar todo o procedimento e ainda dentro da cozinha pestilenta, palco do espetáculo nojento que tínhamos presenciado, manda com a maior naturalidade do mundo: "hmmm, tô com uma fome!" É, João... você vai ser o Valete Ogro pra sempre mesmo!

"Um homem viaja o mundo à procura do que ele precisa e volta para casa para encontrar" (George Moore)
Pois é. Sábio George Moore, seja lá ele quem for. Eu quero mesmo é voltar pra casa. Essa vida de solidão aqui em Montreal não tem me feito nada bem. Tenho comido cookies com suco de laranja todos os dias na tentativa de afogar a minha solidão e o máximo que consegui até agora foi um kilo a mais... E a solidão não foi embora... Estava pensando hoje no quanto a minha vida muda de rumo várias vezes numa mesma semana... será que isso acontece com todo mundo? A Bia Ilari me falou esses dias que ouviu de um professor (O Bosísio, eu acho) que a coisa mais difícil do mundo é ser sincero consigo mesmo... sábio Bosísio... É fácil mentir pra você mesmo, tentar se convencer de que só está fazendo isso ou aquilo porque precisa, porque foi forçado... e na verdade era tudo o que eu queria agora.. PRECISAR ir embora... queria mesmo ser chamada pra um emprego daqueles irrecusáveis ou para qualquer outra coisa que eu não pudesse esperar... mas ao mesmo tempo em que tudo acontece muito rápido, as coisas que eu quero demoram muito pra acontecer... cada dia é um dia a menos...
E quem sabe um dia eu volte pra Montreal pra passear, ver a neve e aí sim, não querendo que os dias passem ?
:(
Isso é tudo, pessoal.
Beijos


Tô postando uma foto do meu primeiro churrasco canadense... ai que decepção... eu achando que ia comer O churrasco e olha só o que apareceu !!! Uma carne com uma cor estranha (e o gosto era pior ainda), umas churrasqueiras descartáveis que não assavam nadica de nada (coitado do meu abacaxi!) e as pessoas menos sociáveis do mundo... que saudade da picanha na mostarda do Gui, da asinha de frango com cerveja e óregano do meu pai, do arroz com feijão da minha mãe... ai que saudade do Brasil!


Vou ter que ensinar esses canandenses sem-noção a fazer um churrasco de verdade... vou convidar todo mundo pra ir pra Pato Branco !!! ;)





Beijinhos pra todos vocês, com MUITA saudade


Vivi


Estou postando uma foto das minhas amigas queridas, que tiramos hoje num restaurante mexicano, chamado Carlos e Pepez - muito gostoso por sinal ! (Foi eleito o melhor restaurante mexicano de Montreal). Sophie, muito gentil, pagou todas as bebidas ! Foi divertidíssimo... a gente dá boas risadas, fala sobre as coisas estranhas dos nossos países, fala sobre coisas boas e sempre acabamos no mesmo assunto: namorados. Aí sempre vamos embora deprimidas de saudade ou de solidão... hehehehe...
Estou postando também um vídeo que fizemos ontem, durante o piquenique de almoço... cada uma falando OI na sua própria língua-mãe... e eu e a Nancy, no final, falando: Olá, bem vindos ao Brasil! :)
No mais tudo bem... espero conseguir me organizar melhor essa semana pra postar sempre uma coisinha nova por aqui... espero que vocês gostem !
Beijooooooosssss


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Cidadã do mundo, tenho quase 25 anos, sou musicista e já fiz um pouco de tudo (ou quase tudo) nessa vida. Atualmente, estou em fase de transição, que parece não acabar nunca, porque cada vez que eu dou um passo, o mundo muda de lugar.

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