A minha primeira semana aqui terminou muito bem... vários passeios, alguns pontos turísticos, aprendi a andar de metrô e ônibus e estou quase me sentindo uma Quebecóis.


O meu curso de Inglês-super-intensivo-Tabajara começou na segunda-feira. Quando eu cheguei na Universidade, fui direto pegar o resultado da prova de nivelamento e quase morri do coração quando vi que passei com nota máxima - direto ao último módulo de curso. Fique muito orgulhosa de mim, porque só eu sei o quanto eu estudei pra esse último Toefl e o resultado ainda não tinha aparecido. Fui tomar um sorvetão gigante com a Joan pra comemorar o "Level 5".


O primeiro dia de curso já foi super puxado, cheio de trabalho pro dia seguinte. Os professores (Kevin e Steven) são super divertidos e a turma também é muito legal. Aos poucos a gente vai se conhecendo e gostando mais ou menos das pessoas... São 16 pessoas no total, sendo 6 coreanos, 1 marroquina, 1 egípcia, 1 quebecóis, 2 colombianos, 1 francesa, 2 chineses, 1 libanesa e eu ! Até decorar o nome de todo mundo, o curso já acabou ! Hahahahaha...


Bom, eu tenho notado algumas coisas divertidas aqui e estou anotando tudo pra poder contar pra vocês... então vamos lá...




  • A primeira coisa divertida foi que o professor pediu pra discutirmos sobre celulares. Aqui no Canadá você paga pra receber e fazer chamadas, paga pra ter um identificador de chamadas, paga pelas mensagens na sua caixa postal, mesmo que você não as ouça. A minha colega Sophie, que é francesa, disse que na França você não paga pra receber mensagens e mesmo quando você não tem créditos você pode fazer ligações. E eu perguntei: "Ué, como?" E ela me respondeu que é só você ligar pra pessoa que você quer falar e desligar antes que ela atenda, assim ela retorna pra você. OU SEJA: Na França eles também dão toquinho no celular ! Hahahahaha...


  • O País do ZIPLOC: Quando vou ao mercado, fico impressionada com o tanto de Ziploc (aqueles saquinhos de plástico com fecho hermético) que tem disponível. Várias cores, tamanhos e finalidades. Um pra alimentos molhados, outro pros alimentos secos, cheios de frescura. Ziploc aqui é mais comum que Tupperware.


  • Aqui não existe lixo no banheiro. Você joga o papel higiênico dentro da privada e dá a descarga. Mas você tem que tomar MUITO cuidado ao dar a descarga, porque eu, particularmente, sempre acho que vou ser engolida pro vaso sanitário e não quero morar no mundo dos cocôs, pelo menos por enquanto... A descarga aqui é mais do que power. Você aperta a válvula e se segura na parede, senão vai pra dentro !!! Hahahaha...


  • Essa semana tem sido muito cansativa pra mim. Falar inglês o dia todo, direto, chegar em casa e falar inglês (eu já me mudei!) e depois vir falar português no computador não tem sido nada fácil. Sem falar das placas de rua e indicações de mercado e tudo o mais que são em francês. Muita coisa é bilíngue, mas muita coisa não é. Na segunda-feira, eu entrei o ônibus, dei o ticket pro motorista, ele me deu um outro - que é pra você usar em 1h30 - e eu disse obrigada em português. Ele sorriu. Eu disse "Mérci". (Todo os motoristas de ônibus te agradecem em francês e eu quis ser gentil !) Depois, outro dia, eu tava falando com o Gui e escrevi uma palavra em inglês. Sorte que eu percebi antes de mandar... Juro que não é "metidez", a confusão mental é grande mesmo. Hoje estou com dor de cabeça o dia todo e não sei se e por causa da língua ou do excesso de café ! (E eu nem gostava de café, mas o French Vanilla Capuccino do Tim Hourton's é de matar!)


  • Fui tentar me inscrever pra uma aula de pronúncia e o professor me mandou sentar, porque a aula era só pros alunos com mais dificuldade. Me senti a última bolacha do pacote !!!


  • Estou fazendo uma aula de introdução ao Jazz... semana que vem, dia 26, começa o Festival Internacional de Jazz e muitos eventos são gratuitos, nas ruas - e bem aqui pertinho da minha nova casa ! Eu prometo que eu dou mais notícias.


Mas por enquanto é só pessoal.



Um beijo com saudades



Vivi


Pessoal ! Sei que tô devendo as atualizações do Blog, mas é que ainda estou correndo aqui. Mas resolvi escrever hoje antes que eu comece a esquecer as coisas divertidas da viagem... A VIAGEM: Bom, apesar de ter começado a arrumar a mala 1 semana antes da viagem, na sexta-feira eu corri o dia todo. No fim do dia, consegui arranjar uma balança (Brigada Lica !) pra pesar as malas e poder viajar com a consciência tranquila. Malas fechadas, tudo arrumado, rumamos ao Thaberna pra comer uma pizza com Guaraná e depois: rodoviária. Tudo muito bom, tudo muito bem até o ônibus chegar. Começamos as despedidas... na verdade era só um até logo, daqui a pouco eu tô aí. Entrei no ônibus e fiquei vendo a família lá fora - mas eles não conseguiam me ver graças ao insufilme-sem-noção. Comecei a fazer caretas até embaçar o vidro e daí eles me enxergaram. Mais um tchau e de repente eu vi minha mãe chorando. Ah meu Deus ! Que sensação horrorosa de não poder descer e ir lá dar um abraço nela ! Mas tudo bem, chorei até Coronel Vivida e depois dormi... Chegando em Curitiba, a Dé tava me esperando na rodô. Fomos até a casa dela buscar a Ana e o Luís e fomos tomar café da manhã num hotel bem legal. O João foi com a Sici e o Vini também foi. Foi bem divertido, demos muitas risadas. Depois fomos à casa do João e eu fui acordar o Jomar. Deitei bem devagarinho ao lado dele na cama e ele tomou um susto ! Ficamos lá batendo papo até a hora de ir pro aeroporto. A Dé e o Vini foram me levar... Quando já estávamos chegando, vejo a carinha da Dé me olhando pelo retrovisor, dizer: "Ih Vivi, foi mal, mas eu acho que o teu avião não vai decolar." A neblina era tanta que a gente não conseguia nem ver o topo da Torre de Controle. Como eu sei que o aeroporto em Curitiba fecha por qualquer nuvenzinha, era certeza que meu avião não ia decolar. Desci correndo e um rapaz na porta do aeroporto disse: "Não precisa correr moça, tá tudo fechado." Naquele momento eu queria sentar na mala e dizer: "Ah não, comigo não! Eu não quero ter histórias ruins pra contar dessa viagem!" Mas como besteira pouca é bobagem... O avião saiu com mais de 1 hora e meia de atraso, mas eu cheguei em São Paulo. Desembarquei e resolvi passar no banheiro e ligar pro meu primo Márcio antes de pegar as malas. Liguei no celular. Ele atendeu e disse que me ligaria de volta no número do telefone público. Quando tocou, eu atendi com uma voz bem doce: "Aeroporto Internacional de Guarulhos, bom dia!". Ele ficou mudo. Disse que pensou: "Ai caramba, e agora? Como vou pedir pra alguém achar a Vivi?" Mas eu caí na risada antes dele falar qualquer coisa. De repente eu vi as minhas malas sozinhas na esteira, já quase sendo retiradas pelo funcionário raivoso... Desliguei o telefone, corri pra pegar as malas e pronto, estava começando mais uma longa espera. Entre ligadas pra minha mãe, pro Márcio e pro Gui, eu fui tentar trocar o dinheiro. Eu tava carregando 700 reais na bolsa e queria trocar logo pra não ficar preocupada. Quando cheguei no guichê, perguntei qual era o preço do dólar, quanto eles cobravam de comissão e resolvi trocar os 700 dólares ali mesmo. A moça me pediu mil documentos e depois me disse que meu CPF estava bloqueado por falta de regularização do Imposto de Renda. Mas que Imposto de Renda ? Eu nem tenho renda pra declarar imposto ! Pois era exatamente a declaração de Isento que bloqueou o meu CPF. Ah se eu soubesse nesse momento que besteira pouca é bobagem... Viajei cheia de reais... ou seja... sem dinheiro ! Depois de 1h30 de fila de Check-in e 10 minutos na Imigração, fui pra sala de embarque e entrei do lado internacional. Passei pelo Free Shop e me segurei pra não comprar nada. Eu pensava: "Tá só começando, tá só começando..." Liguei pro Gui de lá de dentro e foi a primeira vez que minha barriga ficou gelada. Nos últimos 5 anos nem sei quantas vezes andei de avião... e todas as vezes eu pensava que queria estar do lado Internacional... e então eu tava ali... com uma passagem furtacor canadense na mão e ninguém tava me vendo... Quando chamaram pro embarque, aí sim eu me senti poderosa. Entrar naquele avião gigante (que depois descobri que nem é maior da categoria) dá uma sensação maravilhosa. É claro, como eu havia prometido, dei um tchauzinho de Miss na porta do avião (não tinha escada, embarcamos pelo canudo....) A moça atrás de mim deu uma risadinha discreta e o "aeromoço" me pediu o cartão de embarque, me indicou a poltrona e lá fui eu. Passei pela primeira classe olhando com uma inveja danada e fui pro meu lugar. Poltronas meio apertadinhas, travesseiro de TNT e cobertor corta-febre. Só percebi isso agora, porque na hora eu tava me sentindo A passageira. Depois de 4270 instruções de bordo em 4 línguas que estavam passando na tela individual que fica no encosto à frente do seu (e todo mundo ganha um fone de presente), vamos decolar. O frio na barriga é proporcional ao tamanho do avião. Quando tiramos a última roda do chão, me despedi do Brasil prometendo pra mim mesma que vou voltar logo. Não há lugar com o Brasil, acreditem. Lá pelas 11 horas, vem a janta. Os comissários todos falando Português (de Portugal) e parecendo muito gentis. Havia duas opções de janta: frango ou salmão. Fiquei com o frango. Pra beber? Suco de laranja. (Só porque não tinha Guaraná!) Então eu descobri porque os estrangeiros adoram comida brasileira e mexicana. Porque a deles aqui não tem tempero !!! Coloquei um sal no frango e o menino ao meu lado me perguntou se eu falava inglês. Já com um pedaço de frango na boca, fiz sinal que sim com a cabeça e ele me perguntou se o sachet que ele tava segurando era vinagre. Quase cuspi. Falei que não, era uma toalha umidecida pra limpar a mão depois da refeição. Mas que era pra ele tomar cuidado, porque era uma toalha fedida. (Eu já tinha cheirado a minha!). O jantar tinha o frango-sem-sal, cenouras e batata. Em um recipiente separado tinha uma saladinha, com tomate, cenoura e pepino e 1 azeitona que eu comi pensando no Marcelo(também sem sal!) Um pãozinho meio duro e um pouquinho de manteiga. Talheres de plástico que eu detesto e uma garrafinha d'água que eu quase guardei pra Beatriz, de tão fofa. Bom, passado o jantar, lixo recolhido, apareceu uma mensagem na tela: "Touch to start". O menino do meu lado, coitado, ficou olhando e copiando tudo o que eu fazia. A gente podia escolher entre música, filme, jogos e rádio. Cada uma dessas opções tinha mais 30. Em filmes, você podia escolher entre Hollywood, Família, Comédia, etc... Assisti 2 episódios de Sex and the City e dormi. Depois de muito me bater na poltrona, olhei pro lado e vi que o apoio pra cabeça era móvel e depois de arrumado, encaixava a cabeça perfeitamente ! Hunf. Já tava quase na hora de "acordar" pro café da manhã. Muito delicadamente, acenderam as luzes do avião e o pessoal foi despertando. Eram quase 6 horas da manhã no meu relógio, mas já havíamos cruzado a linha do tempo, então eram 5 aqui no Canadá. O pôr-do-sol visto lá de cima é indiscritível ! O café-da-manhã veio com duas opções: omelete - e eu lembrei da Dé! - e quiche de queijo. Arrisquei um pedaço de quiche, mas não tava muito gostoso, então comi os tomates e o brócolis que veio junto. Achei meio estranho, mas como meu organismo já não sabia mais nem quem era ele, aceitou bem. Mais suco de laranja, outra garrafinha d'água, outro sachet de vinagre-toalha. A única diferença eram os comissários de bordo, que após cruzarem a linha do tempo, pararam de falar português e passaram a se comunicar só em inglês e francês. Mais um pouco de vôo e começamos a descer em Toronto. Mérci, Aurevoir... e voilá ! TORONTO ! Peguei o papel com todas as instruções do pessoal da Global Mission e fui seguindo: Mostra o papel tal, fala com o fulano, entrega o papel pro ciclano. Cheguei à fila da imigração e reparei na cara de mal-humor da agente. Esperei uns 20 minutos e chegou a minha vez. Cumprimentei e ela não respondeu. Entreguei meu passaporte, meus documentos e ela ficou lendo minha carta de admissão. Leu as 3 vias. Pediu meu bilhete de passagem de volta. Mostrei a ela e então ela carimbou meu passaporte. Fui louca pra ver a minha data de volta e só tinha 08 June 2008. Ué ? E agora ? Bom, deixa pra lá, depois eu resolvo. Fui pegar as malas na esteira gigante, coloquei a mala em outra esteira e saí correndo pra achar a sala de embarque 23, porque já tava quase na hora do meu vôo. Achei a sala e fui ligar pro Gui. Maldito telefone internacional que eu não consegui fazer ligação. Liguei à cobrar pra minha mãe só pra avisar que tava viva e já embarquei pra Montreal. O avião era bem menor e você podia comer o que quisesse, desde que pagasse. De graça veio só um copo de suco e uma bolacha gostosa. Adormeci preocupada, porque queria estar acordada quando chegasse pra ver a pista de corrida e dar tchauzinho pro Hamilton, mas não vi nada. Já no aeroporto, me dei conta que estava sozinha e que a minha língua era incompreensível. Então comprei um pacote gigante de Trident, um cartão telefônico e fui buscar as malas. A Joan já tava me esperando. Me recebeu com um abraço bem gostoso, disse Welcome to Montreal e eu então percebi que agora sim, tudo começou...

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Cidadã do mundo, tenho quase 25 anos, sou musicista e já fiz um pouco de tudo (ou quase tudo) nessa vida. Atualmente, estou em fase de transição, que parece não acabar nunca, porque cada vez que eu dou um passo, o mundo muda de lugar.

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